Reestruturação Financeira e Operacional - Turnaround
- Nelson B Margarido
- 25 de out. de 2020
- 5 min de leitura
Atualizado: 4 de nov. de 2020
Situações de crise e escassez de liquidez exigem medidas de Reestruturação Financeira e Operacional ágeis e consistentes, a fim de garantir a sobrevivência da empresa e a retomada de sua sustentabilidade e geração de valor
Se a sua empresa vem acumulando resultados negativos e enfrentando pressões financeiras, seja em razão de recessão econômica, alterações nas condições de mercado ou motivos internos, não tarde em buscar alternativas para sair da turbulência, faça os ajustes de rumo necessários para garantir a sobrevivência e sustentabilidade do seu negócio, em outras palavras, você deve promover uma Reestruturação Financeira e Operacional em sua empresa, processo também conhecido como Turnaround.
Ficou interessado e deseja saber mais sobre o assunto? Então, continue lendo esse post e descubra o que é a Reestruturação Financeira e Operacional e como ela deve ser conduzida. Confira!

A quem se destina a Reestruturação Financeira e Operacional?
A Reestruturação Financeira e Operacional reúne um conjunto de medidas aplicáveis a qualquer empresa interessada em promover a sustentabilidade de suas operações, garantindo a adequação de sua estrutura de capital e a estabilidade do seu fluxo de caixa, bem como sua eficiência e viabilidade econômica; sendo, contudo, fortemente recomendada e necessária a empresas em situações de crise decorrentes de pressões financeiras e/ou déficit operacional recorrente.
Como saber o momento ideal para promover a Reestruturação Financeira e Operacional?
Ao verificar reiterados resultados inconsistentes ou vislumbrar a aproximação de condições adversas tome as medidas de correção com a maior antecedência possível, evitando situações que exigirão mudanças mais traumáticas e em condições adversas.
Não enfrentar um problema é uma excelente maneira de agravá-lo. Assim, não espere sua empresa chegar a situações de profunda escassez de liquidez e/ou de esgotamento do crédito junto a fornecedores e instituições financeiras – tais circunstâncias acabam por asfixiar seu negócio e tornam mais complexas as medidas de reestruturação. Para esses momentos é apropriado o pensamento de Albert Einstein: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.
O que é a Reestruturação Operacional e Financeira?
A Reestruturação Financeira e Operacional envolve um conjunto de medidas voltadas para superar períodos de crise e escassez de liquidez e retomar a rentabilidade das empresas. Tais medidas envolvem, principalmente, redução de custos, renegociação de passivos e mudanças táticas e estratégicas voltadas para o reequilíbrio financeiro, melhoria de processos, eficiência e rentabilidade.
Em linhas gerais, os objetivos da Reestruturação Financeira e Operacional são: (i) promover a adequação do fluxo de pagamentos da empresa à sua capacidade de geração de caixa, garantindo sua sobrevivência e reequilíbrio financeiro; e (ii) buscar maior eficiência e rentabilidade nas operações, garantindo sua viabilidade econômica.
A Reestruturação Financeira demanda ações ágeis e precisas, destinadas a estancar a crise e permitir à empresa retomar o fôlego necessário para, então, em uma situação menos caótica e sem pressões em seu caixa, promover as medidas de Reestruturação Operacional necessárias para garantir sua sustentabilidade.
Ambos escopos da Reestruturação, Financeiro e Operacional, estão inter-relacionados e são tratados de forma paralela; contudo, no início do processo de Turnaround o aspecto financeiro ocupa posição de destaque, pois, fazendo um paralelo com a medicina, primeiro deve-se estabilizar o paciente para depois tratá-lo.
Neste sentido, o primeiro passo é estabilizar o caixa – o coração de toda empresa; e, então, buscar tratar as ineficiências e/ou práticas que impactam negativamente a geração dos resultados operacionais. Na maioria dos casos, a Reestruturação Operacional exige grande dedicação e esforço na implementação das medidas necessárias, as quais afetam as áreas de negócio e de apoio da empresa: produção, comercial, recursos humanos, setor administrativo financeiro, TI, entre outras.
Como é feita a Reestruturação Financeira e Operacional?
Todo processo de Reestruturação se inicia com a realização de um Diagnóstico detalhado, a fim de mapear a situação da empresa e identificar os ajustes necessários para equilibrar seu fluxo de caixa e as questões operacionais a serem tratadas.
Para promover um processo de Recuperação Financeira e Operacional, em linhas gerais, deve-se promover as seguintes ações e objetivos:
Diagnóstico Econômico Financeiro
Produzir e analisar relatórios gerenciais a fim de identificar e mensurar os problemas operacionais, econômicos e financeiros a serem equacionados, bem como apontar as medidas de reestruturação necessárias, com base na apuração de indicadores, elaboração de orçamentos, testes de sensibilidade e desenho de cenários de viabilidade econômica financeira.
Implementação de Comitê de Caixa
Criar um grupo de trabalho dedicado a monitorar e gerenciar o Capital Circulante, mediante a elaboração de fluxo de caixa diário e projetado (90 dias para o curto prazo; e 6 e12 meses para o médio prazo), com foco na geração e preservação de caixa, bem como na redução da necessidade de capital de giro para a manutenção das operações da empresa, adotando medidas de priorização de contas a pagar e renegociação com fornecedores.
Reestruturação de Passivos
Mapear a estrutura de capital, dívida operacional e financeira, visando identificar as readequações necessárias para compatibilizar a geração de caixa com os respectivos desembolsos; e levar a efeito as ações de renegociação necessárias junto a fornecedores, instituições financeiras e autoridades fiscais, em busca de descontos, parcelamentos, alteração de taxas de juros, alteração ou oferecimento de garantias e alongamento de prazos de pagamento. Em situações especificas, mediante criteriosa análise da necessidade, conveniência e adequação pode ser recomendada a propositura de uma Recuperação Judicial para renegociação dos passivos – clique aqui e saiba mais sobre RJ – criar link para o artigo sobre RJ.
Reorganização Societária e Organizacional
Mediar conflitos, acomodar interesses e revisar a adequação e capacitação do quadro de executivos, gestores e colaboradores, a fim de estabelecer um ambiente de trabalho produtivo e confiável, visando compor a estrutura organizacional mais adequada, comprometida e resiliente para enfrentar a gestão e equacionamento da crise.
Reestruturação Operacional
Avaliar e redefinir processos internos de todas áreas da empresa - áreas de negócio e apoio, bem como avaliar e readequar os ativos disponíveis, a fim de implementar maior eficiência, produtividade e geração de margem e caixa, visando recuperar ou manter a viabilidade econômica (Ebitda positivo) e fazer frente às necessidades de recursos para reestruturação financeira. Deve-se também revisar a estratégia e o modelo de negócio, avaliando o ambiente interno e externo, a fim de identificar e explorar oportunidades e reduzir ou mitigar riscos que possam afetar a sustentabilidade do negócio.
Fusões e Aquisições – M&A
Avaliar a conveniência de reestruturar as operações mediante a aquisição, alienação ou combinação parcial ou total de ativos, considerando a possibilidade de aumento de capital com o ingresso de novos sócios. Preparar e/ou avaliar documentos relativos a oportunidades (Modelagem Financeira, Valuation, Teaser, MoU, NDA, SPA, entre outros); fazer a interlocução e negociação com interessados e partes relacionadas; bem como realizar as auditorias (due diligence) e fechamento de operações.
Em linhas gerais as ações e objetivo acima descritos permeiam a grande maioria dos processos de Turnaround; contudo, cada empresa possui suas especificidades e pode demandar escopos de trabalho mais amplos ou reduzidos.
De toda forma, qualquer processo de Reestruturação Financeira e Operacional exige da liderança da empresa responsabilidade no sentido de aceitar e encarar os problemas, implementando as as medidas necessárias, por mais dolorosas que sejam.
A qualidade de um bom empresário se revela, principalmente, nos momentos de crise; contudo, por mais que o empresário seja aquele que mais conhece o próprio negócio, em momentos de turbulência, é recomendado ouvir orientações e/ou contar com o apoio de quem já viveu ou tem experiência em lidar com situações de crise, a fim de que as decisões sejam tomadas de forma mais consciente, estruturada e precisa.
Agora você já sabe a importância e como funciona a reestruturação operacional e financeira em uma empresa. Se você necessita reestruturar sua empresa comece já e considere contar com assessores experientes em Gestão de Crise e Turnaround, pois a experiência neste tipo de situação pode encurtar caminhos e tornar o processo mais preciso e efetivo.
Comments